Grupo de sexta feira- em uma época de saída de pacientes e entrada de novos pacientes.
Propus um desenho coletivo. Comentários como: Não sei desenhar sou péssima.
Começaram timidamente , até irem se integrando e construindo o desenho coletivo.
Diziam falta tal coisa o fulano pode fazer, assim surgiu a construção cada um colocando um elemento feito por eles.
Alguns pontos surgiram: Preso a padrões pré-estabelecidos.
O que fazem quando esses padrões de alguma forma ficaram muito distantes de serem atingidos
Como construir seus próprios. (se puderem pintar uma casa própria não a estabelecida pela maioria. Não seria mais interessante e mais possível?
Na sala há um quadro de um artista famoso - Gustavo Rosa. Percebem após com a ajuda da terapeuta. A liberdade de criação do artista, pouco preocupado em desenhar um pássaro fiel a um modelo real. As pinceladas aparentes, e a mistura das cores mostram como essa criação foi possível a partir de um despojamento de modelos pré- estabelecidos
Fizeram questão de colocarem o trabalho do grupo ao lado do trabalho do Gustavo Rosa. Como uma possibilidade de algo também construído preso ainda a conceitos estabelecidos mas com desejo de criar os seus próprios.
OFICINA DE MEMÓRIA - Escritora Neta Mello
A Oficina de Memória foi um encontro de membros da Unifesp – Escola Paulista de Medicina.
Aconteceu na Praça Viva no dia 25 de setembro de 2007. Marcada para as 12 horas, começou com alguns funcionários e ex-funcionários convidados pela equipe do Nasf e aos poucos, foi reunindo pessoas que passam pelo local e se interessaram pela oficina.
Histórias de vida de gente que faz parte da imensa comunidade da “Escola” como todos preferem chamar a instituição.
Os participantes afirmaram que sentem falta de um espaço que resgate o vínculo afetivo com a instituição. A enorme comunidade, espalhada pelas casinhas do bairro, poderia manter espaços de convívio e troca de experiências. O “cuidar dos cuidadores” evidenciado pelo trabalho do PQV, pode ser o início dessa proposta.
Márcia Regina, do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde e coordenadora da pesquisa dos 75 anos da escola, falou sobre o projeto em fase de conclusão – são 75 depoimentos de funcionários, ex-alunos, professores gravados em vídeo e que farão parte do livro comemorativo à data.
As histórias contadas na oficina serão encaminhadas para o centro e poderão enriquecer o conteúdo do Museu. Alguns participantes escreveram experiências vividas na instituição, contaram histórias do “pertencimento” e da dificuldade de preservação dos relatos. “Seu” Macedo, funcionário mais antigo (desde 1937) contou para o grupo que entrou dois anos antes da formatura da primeira turma do curso de Medicina, em 1939. Ficou evidente que relatos como esse são fundamentais para que se possa divulgar a história da instituição
A preservação da memória não pode ser vista apenas como saudosismo, idéia de que o passado foi melhor do que o presente – ela é necessária para se compreender novos rumos e novas estruturas que se pretendem criar. A base de toda instituição está nas pessoas, nos seres humanos que a construíram e que se envolveram pelo trabalho de toda uma comunidade. Sem esse resgate, as instituições perdem sentido.
Agradeço a Nadia Pacheco pelo convite para oficina. Meu trabalho como historiadora, cronista e escritora tem sido pautado pela preservação da memória. Numa sociedade que “descarta” e “deleta” a História, precisamos enfatizar, pela educação continuada, o valor de cada indivíduo. Talvez por isso a Unifesp seja chamada carinhosamente de “Escola”.
Agradeço a Nadia Pacheco pelo convite para oficina. Meu trabalho como historiadora, cronista e escritora tem sido pautado pela preservação da memória. Numa sociedade que “descarta” e “deleta” a História, precisamos enfatizar, pela educação continuada, o valor de cada indivíduo. Talvez por isso a Unifesp seja chamada carinhosamente de “Escola”.
Neta Mello
O ponto de Vista Psi sobre a Oficina de Memória
O projeto oficina de memória, além de resgatar a história dos funcionários da Escola Paulista de Medicina, e junto com isso, o próprio memorial da instituição, traz em seu bojo, as diversas manifestações da subjetividade desses funcionários.
Quero dizer que através desse recurso, pudemos ter acesso á subjetividade de cada um dos participantes, a partir do momento em que contar a sua história representa entrar em contato com o próprio fato de ser sujeito atuante dessa história.
Quero dizer que através desse recurso, pudemos ter acesso á subjetividade de cada um dos participantes, a partir do momento em que contar a sua história representa entrar em contato com o próprio fato de ser sujeito atuante dessa história.
Quando falo de sujeito refiro-me a alguém capaz de pensar, decidir e atuar por conta própria, assim partindo-se desse pressuposto, a subjetividade engloba tudo que é próprio da condição de ser sujeito, isto é capacidades sensoriais, afetivas e imaginativas, envolvidas nos processos de perceber compreender, decidir e agir.
No nosso século, há uma valorização da autonomia, da subjetividade, emergindo como um novo paradigma, uma nova forma de se representar a relação entre sujeito e objeto.
No nosso século, há uma valorização da autonomia, da subjetividade, emergindo como um novo paradigma, uma nova forma de se representar a relação entre sujeito e objeto.
Dessa forma, contar as histórias vividas por cada um foi a manifestação mais evidente do seu espaço íntimo (mundo interno) e como ele se relaciona com o mundo social(mundo externo), resultando tanto nas marcas singulares da formação do sujeito, quanto na construção de crenças e valores compartilhados pelo cultural e que vão fazer parte dessa experiência histórica.
Podemos observar isso a partir do relato de Marina Medeiros quando nos conta que : “ Diziam que quando aparecia um urubu no telhado do prédio do museu, é
porque vai morrer alguém da Escola. Rezei muito, porque apareceu um urubu
e o Dr. Marcelino, que era meu amigo, estava muito doente, pensei , então que era ele que ia morrer, mas morreu um outro médico, no lugar dele, com quem não tinha muito conhecimento.”
porque vai morrer alguém da Escola. Rezei muito, porque apareceu um urubu
e o Dr. Marcelino, que era meu amigo, estava muito doente, pensei , então que era ele que ia morrer, mas morreu um outro médico, no lugar dele, com quem não tinha muito conhecimento.”
Outro relato, também igualmente interessante é o de Cecília ao nos contar sobre o
seu primeiro plantão no Pronto Socorro:
seu primeiro plantão no Pronto Socorro:
“ Meu primeiro plantão foi na sala de emergência, há 17 anos atrás e era o primeiro plantão do residente Dr. André, hoje bem conceituado na sua disciplina. Só que não imaginávamos que estávamos iniciando eu e ele. Foi muito engraçado, porque ele confiando que eu poderia ajudá-lo e eu achando o mesmo, que ele poderia me ajudar. Depois percebemos que tudo aquilo era novo para nós dois, que estávamos na mesma condição. Parece que isso nós uniu mais, pois tínhamos
que atender e dar conta do recado. Até hoje lembramos disso como algo que foi muito marcante. Estávamos no mesmo barco, só que ele médico e eu auxiliar”
que atender e dar conta do recado. Até hoje lembramos disso como algo que foi muito marcante. Estávamos no mesmo barco, só que ele médico e eu auxiliar”
Pudemos também ouvir as histórias do Sr. Macedo, patrimônio vivo da história da Escola Paulista de Medicina, pois a Escola foi fundada em 1933 e ele está lá desde de 1937. Conta com muita graça que todos os seus amigos estão esperando por ele lá em cima , quer dizer com isso, que é o último que sobrou, pois todos já se foram. Percebo que, embora fale assim, demonstra muita vivacidade e envolvimento com o trabalho que por vezes chega a se confundir com a sua própria história de vida.
Por fim, pudemos ainda observar que essa experiência de contar as suas histórias , foi de uma riqueza única para essas pessoas, que puderam ter essas histórias validadas por um outro que as escuta.
Um comentário:
Amiga vc é f...
sensacional.
Essa passagem: "Quero dizer que através desse recurso, pudemos ter acesso á subjetividade de cada um dos participantes, a partir do momento em que contar a sua história representa entrar em contato com o próprio fato de ser sujeito atuante dessa história."
... está diretamente relacionada com o post q escrevi hoje. http://patstarland.blogspot.com/2009/09/folhetim.html
Depois falamos sobre isso.
Bjo amiga querida
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